segunda-feira, 2 de maio de 2011

Estatuto da gafieira

     Eu escrevo livros. Tenho um milhão de motivos para não fazê-lo. Desde a política de editoras ao trabalho hercúleo de carregar pedras para construir pirâmides geometricamente imperfeitas numa comunidade de cegos. Então, por quê continuar se existem maneiras mais agradáveis de ganhar a vida? Uma boa pergunta que não sei se vou poder responder pelo que me resta de vida.

     Um diário. O último que li foi de Carlinhos de Oliveira. Terrível seus últimos anos de sofrimento. Me arrebentou por dentro. Não sei se ele editaria se ainda estivesse vivo na época da publicação. Acho que sim.

     Não vou desfilar aqui qualquer bloco de dores físicas ou dores de amor. Nem que tenha a ver com o conteúdo de meus livros. Só que daqui a 27 dias nasço outra vez, de acordo com um dos preceitos budistas. Não sou budista, mas me agradou a idéia. Anotações sobre o mundo num pré parto e num pós. Regada a música, meus filmes preferidos, meu mau humor atávico, meu exílio voluntário, minha solidão necessária, minhas paixões humanas e nascidas no celulóide mais o mundo impresso em folhas de papel.

     Já me coloquei na posição para que o parto seja tranquilo. Só acho que nunca vou estar pronto para as luzes fortes e os rostos mascarados que me esperam do lado de fora.

     O susto, o medo, o mal estar. Alguém quer dançar?

Um comentário:

  1. Sonhar é preciso, para manter a poesia, a chama, o desejo...renasça e redescubra o que parece perdido, mas com certeza nunca deixou de lhe acompanhar!!Fique bem,,,Bj

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